PROTESTANTES
PODEM PROTESTAR?
Os
protestos no Brasil têm causado questões nas mentes dos crentes: “Será que eu
posso participar de protestos públicos?”. Um dos comentários que vi na mídia
foi: “É um paradoxo existir protestantes que não protestam”. Alguns
especialistas políticos debatem pró e outros contra cada um para defender seu
lado. Estes protestos tomaram rumos políticos, sociais e até religiosos. E o
que eu tenho a ver com isso como crente? Não podemos fugir da realidade de que
Deus não nos tirou ainda deste mundo.
Portanto, querendo ou não estamos inseridos neste assunto. Por isso
quero fazer algumas observações quanto a isso:
1. Não percamos o nosso objetivo – O nosso
propósito maior como filhos de Deus é glorificar a Deus. Tudo que formos fazer
deve ser para a glória de Deus (1 Co 10.31). Se tivermos que fazer algo e
estivermos na dúvida, perguntemos em oração e olhando para a Bíblia e se
possível perguntando aos mais experientes: “Isto que estou para fazer, dará
aplausos, honras e glórias a quem?”. Se a resposta for qualquer outra que tire
o Senhor do foco, desista! Digo isto porque às vezes entramos em certas lutas
em que o propósito é variado e beneficia a muitos, inclusive o nosso egoísmo,
mas, não ao nosso Deus;
2. Cuidado com seu “eu” – Às vezes, um
protesto pode ser fruto de um coração amargurado, rancoroso, partidário,
insensível, mau, perverso, corrupto, sim corrupto como o daqueles aos quais
protestamos (Jr 17.9; Mt 15.19; Tg 4.1). Averigue se seu protesto está sendo incentivado
por sentimentos condenados pela Palavra de Deus. Visto que, o sentimento de
protestos tem crescido muito desde que as pessoas são incentivadas a buscarem e
lutarem por seus direitos. Devemos tomar muito cuidado se nossos direitos não
estão infringindo os direitos de Deus e de Sua Palavra e do próximo. Meu receio
é que cheguemos ao ponto de protestarmos por qualquer coisa que “achemos que
está errado e precisa ser consertado” e passarmos a agir como crianças
birrentas que acabam ganhando tudo que querem se se espernear e gritar diante
de seus pais bonachões. Então, vejamos bem se nosso protesto é altruísta ou
egoísta;
3. Avalie bem sua ação antes de fazê-la – Não
se apresse a criticar ou elogiar qualquer movimento de protesto. Leia, assista
e ouça bastante diversas opiniões e tire suas conclusões sem pré-julgamentos.
Não tome partido sem antes ver os prós e os contras. A mídia é muito
tendenciosa. Informações incompletas ou erradas podem causar danos em suas
concepções. Peça discernimento (1 Reis 3.9; Hb 5.14). Pegue todas as
informações e as avalie segundo as Escrituras e assim, tome um lado, saia de
cima do muro e proteste como um bom cristão e cidadão. Porém, antes, observe se
não há perigo em qualquer esfera. Cuidado para não desonrar o nome de Cristo, o
da igreja, o seu e de sua família. Respeite as autoridades, sejam do Governo,
da polícia, da igreja ou da família;
4. Cuidado com o ecumenismo - O “ecumenismo” é o movimento favorável à
união de todas as igrejas cristãs. Tenho percebido, que no meio cristão este
movimento tem crescido com a desculpa de “estamos juntos nessa porque temos um
só propósito”. Será mesmo? Temos visto “igrejas cristãs” juntas contra o
aborto, o homossexualismo e outros assuntos morais, mas que divergem em
assuntos centrais da Bíblia. Seriam os benefícios maiores que os danos? Podemos
juntar água e óleo? (Isaias 2.22; Amós 3.3);
5. Sua principal ação – Alguns dizem que o
protestante tem o dever de protestar. Eu trocaria a palavra “deve” por
“pode”. Mas, qual a forma principal de
fazer isso? Certamente é: sendo testemunha do evangelho restaurador. Somente o
evangelho transforma as pessoas. Só o Cristo da Bíblia tem o poder de mudar
vidas e sociedades. As mudanças sociais são reais quando há mudança espiritual.
A sociedade precisa de reforma. Esta reforma se inicia de dentro para fora.
Somente o novo nascimento causa novo estilo de vida no indivíduo, no Estado, no
povo e na igreja. Vamos quebrar os corações de pedra com a mensagem de Cristo!
João Calvino, um reformador do século XVI trabalhou em prol de uma mudança em
Genebra e sua principal prática foi a pregação da Palavra e a luta para
praticá-la moral, ética e socialmente.
Então,
o protestante deve protestar? Sim e não. Sim, quando tivermos avaliado todos
estes pontos supracitados e não vermos prejuízos nem para nós, nem para os
outros e muito menos para o bom nome de Deus.
Não. Quando os benefícios forem meramente terrenos e eles mesmos
desfizerem os benefícios eternos. Lembrando que a principal forma dos cristãos
fazerem isso é proclamando o Evangelho que é o poder de Deus. Assim como o
protestante pode protestar o evangélico deve evangelizar.
Pr. João Duarte
Pastor da Igreja Cristã Evangélica ( da AICEB)