quinta-feira, 9 de setembro de 2021

PROTESTANTES PODEM PROTESTAR?


PROTESTANTES PODEM PROTESTAR?

 

Os protestos no Brasil têm causado questões nas mentes dos crentes: “Será que eu posso participar de protestos públicos?”. Um dos comentários que vi na mídia foi: “É um paradoxo existir protestantes que não protestam”. Alguns especialistas políticos debatem pró e outros contra cada um para defender seu lado. Estes protestos tomaram rumos políticos, sociais e até religiosos. E o que eu tenho a ver com isso como crente? Não podemos fugir da realidade de que Deus não nos tirou ainda deste mundo.  Portanto, querendo ou não estamos inseridos neste assunto. Por isso quero fazer algumas observações quanto a isso:

1.     Não percamos o nosso objetivo – O nosso propósito maior como filhos de Deus é glorificar a Deus. Tudo que formos fazer deve ser para a glória de Deus (1 Co 10.31). Se tivermos que fazer algo e estivermos na dúvida, perguntemos em oração e olhando para a Bíblia e se possível perguntando aos mais experientes: “Isto que estou para fazer, dará aplausos, honras e glórias a quem?”. Se a resposta for qualquer outra que tire o Senhor do foco, desista! Digo isto porque às vezes entramos em certas lutas em que o propósito é variado e beneficia a muitos, inclusive o nosso egoísmo, mas, não ao nosso Deus;

2.     Cuidado com seu “eu” – Às vezes, um protesto pode ser fruto de um coração amargurado, rancoroso, partidário, insensível, mau, perverso, corrupto, sim corrupto como o daqueles aos quais protestamos (Jr 17.9; Mt 15.19; Tg 4.1). Averigue se seu protesto está sendo incentivado por sentimentos condenados pela Palavra de Deus. Visto que, o sentimento de protestos tem crescido muito desde que as pessoas são incentivadas a buscarem e lutarem por seus direitos. Devemos tomar muito cuidado se nossos direitos não estão infringindo os direitos de Deus e de Sua Palavra e do próximo. Meu receio é que cheguemos ao ponto de protestarmos por qualquer coisa que “achemos que está errado e precisa ser consertado” e passarmos a agir como crianças birrentas que acabam ganhando tudo que querem se se espernear e gritar diante de seus pais bonachões. Então, vejamos bem se nosso protesto é altruísta ou egoísta;

3.     Avalie bem sua ação antes de fazê-la – Não se apresse a criticar ou elogiar qualquer movimento de protesto. Leia, assista e ouça bastante diversas opiniões e tire suas conclusões sem pré-julgamentos. Não tome partido sem antes ver os prós e os contras. A mídia é muito tendenciosa. Informações incompletas ou erradas podem causar danos em suas concepções. Peça discernimento (1 Reis 3.9; Hb 5.14). Pegue todas as informações e as avalie segundo as Escrituras e assim, tome um lado, saia de cima do muro e proteste como um bom cristão e cidadão. Porém, antes, observe se não há perigo em qualquer esfera. Cuidado para não desonrar o nome de Cristo, o da igreja, o seu e de sua família. Respeite as autoridades, sejam do Governo, da polícia, da igreja ou da família;

4.     Cuidado com o ecumenismo -  O “ecumenismo” é o movimento favorável à união de todas as igrejas cristãs. Tenho percebido, que no meio cristão este movimento tem crescido com a desculpa de “estamos juntos nessa porque temos um só propósito”. Será mesmo? Temos visto “igrejas cristãs” juntas contra o aborto, o homossexualismo e outros assuntos morais, mas que divergem em assuntos centrais da Bíblia. Seriam os benefícios maiores que os danos? Podemos juntar água e óleo? (Isaias 2.22; Amós 3.3);

5.     Sua principal ação – Alguns dizem que o protestante tem o dever de protestar. Eu trocaria a palavra “deve” por “pode”.  Mas, qual a forma principal de fazer isso? Certamente é: sendo testemunha do evangelho restaurador. Somente o evangelho transforma as pessoas. Só o Cristo da Bíblia tem o poder de mudar vidas e sociedades. As mudanças sociais são reais quando há mudança espiritual. A sociedade precisa de reforma. Esta reforma se inicia de dentro para fora. Somente o novo nascimento causa novo estilo de vida no indivíduo, no Estado, no povo e na igreja. Vamos quebrar os corações de pedra com a mensagem de Cristo! João Calvino, um reformador do século XVI trabalhou em prol de uma mudança em Genebra e sua principal prática foi a pregação da Palavra e a luta para praticá-la moral, ética e socialmente.

Então, o protestante deve protestar? Sim e não. Sim, quando tivermos avaliado todos estes pontos supracitados e não vermos prejuízos nem para nós, nem para os outros e muito menos para o bom nome de Deus.  Não. Quando os benefícios forem meramente terrenos e eles mesmos desfizerem os benefícios eternos. Lembrando que a principal forma dos cristãos fazerem isso é proclamando o Evangelho que é o poder de Deus. Assim como o protestante pode protestar o evangélico deve evangelizar.

 







Pr. João Duarte

Pastor da Igreja Cristã Evangélica ( da AICEB)


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