O
mundo tem sido violentamente convulsionado pelo impiedoso coronavírus. Centenas de corpos tombam inertes ante a ação
desse microscópico vírus que, sem
licença, entra em suas vítimas e as leva, não raras vezes, ao óbito.
As
portas de entrada são, segundo especialistas, os olhos, boca e nariz. Assim, o
vírus pode ser facilmente transmitido pelo contato das pessoas. Quanto mais
gente aglomerada, mais as chances de contaminação.
Ante
esse pavoroso quadro resta saber qual caminho os cristãos devem seguir face a
milenar tradição de se reunir para o serviço de culto e adoração? Seus templos
fechados, comumente refrigerados, sem dúvidas, podem ser um ótimo ambiente para
proliferação desse, que tem se tornado um mal de proporção mundial.
A
Bíblia ao listar a liderança da Igreja do Senhor elenca o pastor como uma das
lideranças chaves na condução do povo de
Deus (cf. Ef. 4:11). Em toda A ESCRITURA
a palavra pastor, notadamente quando se refere à relação de Deus com seu
povo, ou a alguém escolhido por Ele com o
objetivo de guiar seus escolhidos, nos remete a ideia de uma pessoa que cuida
dum rebanho. O cuidado pastoral, portanto, exige que o pastor forneça o alimento, guie às fontes das águas,
guarde no aprisco, proteja quando
aparece o perigo, honre diante dos
inimigos e conceda alegria e sentido de vida infindáveis (cf. Sl. 23).
Convém
assinalar, ainda, que o verdadeiro pastor toma conta das ovelhas e não permite
que elas sejam atacadas pelo lobo que procura devorá-las (cf. Jo. 10:1ss).
O
inimigo da igreja, a rigor, é de natureza espiritual, contudo, enquanto
militante na presente realidade, ela enfrenta uma multiplicidade de perigos e
tribulacoes que sem a devida orientação, pode perder a noção de como agir;
sobretudo, num mundo no qual muitas vozes estranhas se postam como conselheiras
do povo de Deus.
Isto
posto, acredito que cada pastor deve ser guiado e guiar a igreja pelo PRINCÍPIO
BÍBLICO DO CUIDADO com o qual Jesus
cuidou de sua NOIVA. Ora, o cuidado exige que, em oração, o pastor busque se
revestir da graça divina para que dispense todos os atos necessarios que
demonstrem de fato o quão preocupado e cuidadoso é com seu rebanho. O cuidado,
por óbvio, não se restringe somente à saúde espiritual, mas também física,
porquanto, ao cuidar da integridade física de suas ovelhas, cada pastor
exercita a espiritualidade, cujo
referencial é Cristo: amor encarnado que
se fez enfermar por nós, a fim de gozarmos a saúde que brota dos céus
(cf. Is. 53).
E
agora, o que fazer diante da gigantesca responsabilidade de, a despeito das
circunstâncias, continuar dirigindo a Igreja do Senhor? Fechar tudo e que cada
qual cuide de si e Deus cuide de todos? Não! Absolutamente não! Mais do que
diminuir, a responsabilidade pastoral aumentou, pois, distantes em corpos, o pastor
precisa estar perto em espírito, de modo que cada ovelha possa ouvir seus
conselhos e com ele ter a fé renovada todos os dias. Desse modo, o pastoreio
nesses dias deve se dar pelo Incentivo a igreja para se reunir em casa, a fim
de juntos lerem a Bíblia e juntos orarem pelo mundo; através da produção de
vídeos que veiculem o ensino da Palavra e estimulem a fé e devoção; pela
orientação do povo por meio das redes sociais sobre a confiança em Deus e o
descanso em seus cuidados; especialmente através de sua própria vida que se
derrama em oração por cada uma de suas ovelhas, suplica misericórdia ao mundo e
busca em Deus a necessária sabedoria para pastorear seu povo em tempos de
crise. Além, obviamente, de outras ações igualmente válidas e que não colocam em
risco o rebanho que Deus confiou em suas mãos.
Em
verdade, todas essas ações, são ações que veiculam fé e riquíssima
espiritualidade, porquanto, realçam quanto o pastor ama suas ovelhas e delas
cuida; afinal, amor sem cuidado é palavra que se perde no vácuo. Na eternidade
a fé desaparecerá, a esperança perderá
sua razão de ser, a reunião em templos não subsistirá, porém o AMOR restará
presente, tanto nos atos que nos levaram até lá, como em todos os gestos que
pautarão nossa vida de comunhão uns com os outros e na alegre adoração ao
Senhor. Que o Senhor de todo bem nos
guarde do mal e nos conduza como luzeiros num mundo que jaz no caos! MARANATA!
Rev.
Inácio P. Pinto
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