Por Adiel Teófilo.
Sabe-se
que
o púlpito é uma peça importante do mobiliário de uma igreja evangélica.
E todo bom cristão sabe qual é a sua finalidade dentro da liturgia de
um culto.
No entanto, os meios de comunicação têm apresentado ao público em geral
uma
variedade de usos do púlpito, que demonstram claramente o total desvio
de sua primordial
finalidade no contexto da autêntica celebração evangélica.
Vejamos
alguns dos maus usos do púlpito nesse tempo do fim:
Púlpito balcão de negócios:
a conquista
material e a riqueza são a temática quase que exclusiva e repetitiva dos falsos
mestres da teologia da prosperidade. Nada se prega sobre o pecado, a santificação
e a salvação em Cristo, dentre outras importantes doutrinas Bíblicas, pois os amuletos,
os rituais e congressos de busca financeira ocupam praticamente todo o tempo que
as pessoas permanecem nesses ajuntamentos. Não se adora a Deus, mas busca-se um
Deus que é “obrigado” a prosperar o homem, qualquer que seja o caminho que está
trilhando na direção da eternidade. São lobos devoradores e mercenários insaciáveis
pelo lucro à custa da ambição e ganância que despertam nas suas vítimas.
Púlpito palanque de comédia:
a
pregação que deveria confrontar o pecado e promover crescimento espiritual, presta-se
mais a proporcionar entretenimento ao povo, que facilmente se desmancha em
gargalhadas diante de “piadinhas gospel”. Os relatos bíblicos ganham novos contornos
interpretativos, numa espécie de comédia grega. Os personagens bíblicos
passam a ser satirizadas e até ridicularizados por esses comediantes “evangélicos”.
Prestam assim relevante serviço para a satisfação dos prazeres da carne.
Púlpito divã de
psicologia: a
psicologia tem seu reconhecido papel no campo da ciência, entretanto não pode
ser a base da pregação, expondo assim um evangelho altamente “psicologisado”,
com receitas prontas para terapia coletiva no trato de diversos problemas
emocionais. A pureza e a autenticidade na exposição das Escrituras deve ser
buscada a todo custo, sob pena de se oferecer ensino adulterado, incompleto ou
incapaz de produzir os resultados para os quais a Palavra de Deus foi
designada. A pregação da Palavra deve ser pública, mas a terapia precisa ser
individualizada.
Apesar
dessa trágica utilização por alguns segmentos, existem aqueles que prezam pelo
uso apropriado do púlpito na liturgia evangélica. A Bíblia Sagrada nesse espaço
é apresentada na sua verdade, com seus reais propósitos e na integralidade, sem qualquer
ardil ou artifício que a torne mais palatável aos seus ouvintes. A Escritura torna-se
assim, de fato e de verdade, a única regra de fé e prática na vida cristã.
Nesse
contexto, o evangelicalismo brasileiro precisa renovar a aliança com a Palavra
de Deus, a exemplo do povo de Israel no tempo de Neemias, quando pediu que lhe
trouxesse “...o livro da lei de Moisés,
que o SENHOR tinha prescrito a Israel” (Neemias 8.1). Todo o povo se
ajuntou na praça e Esdras, o sacerdote, leu o livro desde o alvorecer até o
meio-dia, “...e todo o povo tinha os
ouvidos atentos ao livro da lei” (v.3). Naquela ocasião, fora utilizado um “...púlpito de madeira, que fizeram para aquele
fim” (v.4), quando então “Leram no
Livro, na lei de Deus, claramente, dando explicações, de maneira que
entendessem o que se lia”. (Neemias 8.8). Eis aí, portanto, a maneira
correta como deve ser utilizado o púlpito durante os cultos verdadeiramente evangélicos.