Velho órgão da ICE de Pedreiras |
Mas hoje está guardado em um canto do pavilhão ou no depósito da igreja. Quase ninguém liga para ele. Esta geração mais nova que não conheceu a sua importância não sente nenhum atrativo que desperte interesse para aprender a tocar. Mas ele teve o seu tempo áureo dando a sua contribuição, enriquecendo o culto e oferecendo uma atmosfera de espiritualidade na igreja.
O primeiro órgão que conheci quando
adolescente recém-convertido, foi o do Missionário Wesley Gould em Piracuruca,
que embora não tivesse muita habilidade no seu teclado, despertava
admiração em vê-lo tocar. Talvez eu fosse o rapazinho que mais apreciava. Eu
morava em Batalha, uma cidade pequena do
interior do Piauí onde essas novidades nunca chegavam. Algum tempo depois, Conheci
também o instrumento na igreja de
Barra do Corda,Maranhão tocado pelas missionárias do Internato Maranata nos dias de
domingo e por Vidalgan ao ensaiar o coral. Em Grajaú, D. Leile, era a organista. Na Igreja da Rua
Cândido Ribeiro, centro de São Luís, era
executado pelas missionárias do
Seminário. Lembro-me da maestria com que
D. Margareth do Seminário tocava o seu.
Na igreja de Parnaíba existia também um, o cupim comeu a madeira. Acredito que nenhuma igreja manteve o velho
instrumento em tão perfeito estado de conservação, quanto a Igreja de
Pedreiras, Maranhão, onde estive recentemente. Vendo o velho instrumento, me vieram tantas
recordações do tempo que por ali passei como pastor. Parecia estar vendo a irmã
Glória Cantanhede, tocando e ensaiando conosco os belos hinos do coral.
No Brasil, o órgão era um instrumento raro e de alto preço, fabricado no Rio Grande
do Sul, por isso só as igrejas maiores e
pessoas de melhor condição financeira podiam adquirir.
Somente com a conversão de Luiz de Carvalho coube a ele
alguns pioneirismos como gravar o primeiro LP
evangélico, introduzir o violão
nos cultos, nos idos de 1950 quando este instrumento era considerado profano
por ser associado à boêmia, jamais poderia ser usado no louvor a Deus. Assim outros instrumentos foram sendo
introduzidos até agora, chegando onde chegamos. É comum se ver nas igrejas no lugar do púlpito
um palco para apresentação das bandas musicais que por sua vez na hora do louvor utilizam os mesmos ritmos,
coreografias e instrumentos utilizados nas apresentações seculares.
O velho e abandonado instrumento deu espaço para os novos
teclados eletrônicos, com seus muitos e belíssimos recursos com sintetizadores, que oferecem sons perfeitos de muitos
instrumentos, ritmos, acompanhamentos percussão e bateria com alta precisão,
substituindo até orquestras.