sexta-feira, 28 de setembro de 2018

IDEOLOGIA DE ESQUERDA: CEGUEIRA DA ALMA



IDEOLOGIA DE ESQUERDA: CEGUEIRA DA ALMA

José Saramago ganhou o Nobel de literatura com um livro intitulado “Ensaio Sobre a Cegueira”. Neste livro, sob a maestria de sua pena, o escritor lusitano exibe a cegueira que vai para além da incapacidade física de discernir cores e luzes do mundo concreto. A narrativa mostra pessoas misteriosamente acometidas por uma espécie de cegueira que não as mergulha na escuridão, mas sim, num universo anuviado onde tudo é branco. Com efeito, a cegueira se torna epidêmica, de modo que, em pouco tempo, o mundo se transforma num horroroso caos.
Os governantes tratam de colocar os cegos sob quarentena segregando-os em ambiente extremamente hostil. Diante da própria desgraça um grupo de cegos, liderado por um crápula, usa de violência e impõe sua vontade a outros cegos. Não enxergaram a crucial necessidade de solidariedade, a fim de derrotarem um inimigo comum e poderem sobreviver. De outra parte, os governantes, ao invés de elaborarem políticas públicas que viessem minimizar os problemas causados pela cegueira, preferiram manter todos os cegos aprisionados. Desse modo, os cegos foram penalizados duplamente, porquanto, mantidos no cárcere.
Ao descrever a cegueira como uma cegueira branca, Saramago assinala que ela não é cegueira incapaz de enxergar, mas de ver; e, ao limitar-se a enxergar sem ver, ela, concomitantemente, impede o cego de reparar. Neste jogo de palavras, o mestre da literatura portuguesa expõe a monstruosa situação vivenciada pela sociedade atual. Almas anestesiadas que perderam a sensibilidade para as demandas e necessidades do outro; sobretudo, quando tais necessidades precisam de um referencial absoluto a conduzir as ações de quem seria responsável por supri-las. Assim, o autor insiste conosco: "Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara." Olhar para ver e ver para reparar consiste em embrenhar os olhos nos porões da existência humana para dali perceber as próprias carências, sofrimentos, tumultos emocionais..., e, então, no encontro com o outro encontrar-se consigo mesmo, conferindo-lhe dignidade numa perspectiva do Eterno.
No assombroso ambiente descrito por Saramago o espaço para a alteridade deixou de existir, pois houve democratização da desgraça, vez que a cegueira atingiu a todos: políticos, religiosos, magistrados... Brutalmente marcados pela cegueira, todos foram gradativamente se desumanizando. Desse modo, afeto, respeito, observação de regras morais e a valorização do ser, enquanto ente dotado de imagem divina que o dignifica, explodiram deixando para trás um rastro de caos absoluto.
Podemos extrair daí que a desumanização do ser ocorre na exata medida em que as pessoas vão perdendo o senso ético/moral que determina o comportamento responsável pela paz no convívio social. Ao perder o freio moral, as pessoas tendem a escancarar sua desumanização e retornam ao estado de natureza, onde a barbárie, tal como preconizado pelo filosofo inglês Thomas Hobbes, torna-se a nota dominante em todas as relações.
A narrativa de Saramago pressupõe também que a cegueira bitola a mente humana de tal maneira que esta perde a esperança. O olhar permanece irremediavelmente escravo de uma estrutura físico/psíquica/ideológica que não permite o olhante ir além da realidade (ainda que falsa), superficial, por ele ou para ele projetada.
Ao fazermos conexão entre o aterrorizante mundo elaborado por Saramago e o contexto das ideologias de esquerda ao redor do mundo, sem dúvida, podemos afirmar que muitos têm padecido da cegueira que cega a alma. Com o objetivo, por exemplo, de controlar o timão da história, a fim de, supostamente, entrega-lo às mãos dos operários, os movimentos revolucionários marxistas foram responsáveis pela brutal dizimação de quase 150 milhões de pessoas pelo mundo afora. Somente o ditador Pol Pot devastou metade da população do Camboja; Lenin e Stalin arrasaram perto de 30 milhões de pessoas; muitas destas morreram de inanição pelo cerco promovido por Stalin à Ucrânia. Cuba e Coreia do Norte mataram, brutalmente, muitos missionários cristãos; tudo isto com a conivência de intelectuais crápulas da estirpe de Paul Sartre, Eric Hobsbawm, Noam Chomisky, Herbert Marcuse, entre tantos outros.
Hoje, na Venezuela, nos deparamos com um quadro aterrador onde pessoas desesperadas de fome se obrigam a consumir carne putrefata (os robozinhos cooptados pela esquerda dizem que tudo é culpa do americanos – aja paciência!). Na Nicarágua sandinista outro quadro desolador se instalou. Na Bolívia não menos diferente, já se estabeleceu inclusive leis para proibição da pregação do Evangelho. No Brasil, num gigantesco movimento orquestrado pelo PT e toda a esquerdalha anticristã, tentam varrer do mapa, princípios éticos/morais de viés cristão, para nele introduzir valores seculares. O que estarrece é que, infelizmente, algumas pessoas que se dizem cristãs fazem um recorte de questões sociais para justificar sua decisão de ficar ao lado de movimentos que se alinham politicamente à ideologia que cega a alma e forma um numeroso exército de soldadinhos de chumbo dispostos a reverberar conceitos que sequer entenderam. Outros, manifestando a monumental obtusidade de que padecem reduzem tudo a uma questão de escolha, como se escolher satanás ou Jesus fosse mera decisão, sem maiores implicações. Pior de tudo é que essa gente costuma se revestir de um atrevimento arrogante que causa náuseas. Quando alguém questiona e expõe a incompatibilidade entre a fé cristã e os pressupostos fundamentais da esquerda, essa gente redargui com os clichês aprendidos nos manuais e discursos elaborados pelos gurus dessa ideologia, destinados a emburrecer muito mais os inteligentinhos que alcançaram, a seus próprios olhos, o estado de iluminação.
Neste cenário de horror cumpre ainda ressaltar a construção de uma teologia (missão integral) que tenta dialogar com grandes temas de inquietação social a partir da perspectiva marxista. Ariovaldo Ramos, por exemplo, fez essa burlesca declaração acerca do caudilho venezuelano Hugo Chávez: “Todos os que, em todo lugar, lutam pela erradicação da pobreza, pela emancipação do ser humano, e por justiça e acesso ao direito para todos, tiveram, em Hugo Chávez, uma referência de compromisso para com o pobre, para com o despossuído, para com o injustiçado.”
No discurso ao lado do presidiário Lula, Ariovaldo foi apresentado como pastor e, do alto do palanque, conclamou seus ouvintes à rebelião civil. Seria o guru da missão integral destituído de capacidade cognitiva que o impediria de distinguir a face perversa da esquerda bolivariana? Seguramente não! É apenas uma alma cega a serviço de um reino secular que usa Jesus e o Evangelho apenas como ingrediente útil na implantação de sua ideologia. 
No Evangelho de São João 9: 35-41, Jesus afirma que um dos aspectos de sua missão é retirar a cegueira de quem está cego e cegar quem enxerga. Para o fariseu, que se entendia como produto perfeito da religião e espiritualidade, o mundo imaculado seria desenhado pela concepção farisaica da vida. Como tudo que precisavam cabia no embornal religioso construído por eles, os fariseus, em geral, abandonaram o modo divino de enxergar o mundo e o redesenharam a seu próprio modo de ver. Neste sentido, a profundidade do olhar sacro cedeu lugar ao olhar superficial do fariseu. Com efeito, as aberrações surgidas deixaram de ser percebidas, posto que seus olhos, alheios à graça divina, perderam a sensibilidade. Na obra de Saramago, as autoridades, achando-se detentoras da correta solução para os problemas sociais, segregaram todos os cegos até que a cegueira, como fenômeno democrático, uniformizou todos à mesma condição e o abismo se assenhoreou de todos.
A ideologia de esquerda, também, se presta a ser arrogância iluminada, pois, concebe a sociedade como construto da reflexão sócio/político/religiosa feita por seus ideólogos; por conseguinte, procura conduzir todo mundo, ainda que compulsoriamente, ao paraíso proposto por ela. A ideologia de esquerda, em regra, acha-se dotada de superioridade moral; daí procura tutelar o caminho de todos, pois intenciona dar luz a um “novo homem que habitará um novo mundo”.
  Na obra “Ensaio Sobre a Cegueira”, Saramago apresenta uma mulher que não perdeu a visão. Única capaz de enxergar, a mulher foi violentada, humilhada e ridicularizada por quem era cego. Como bússola no mar da cegueira reinante, ela conseguiu guiar muita gente para à liberdade. Quando a desesperança, escárnio, a angustiante ausência de caminhos e trevas se apoderou de todos, a mulher, de maneira obstinada, arrancou forças de seu interior, com a fé de que poderia existir um mundo para além da cegueira, prosseguiu na luta em direção à luz.
Todo ser humano que pisa o chão desse mundo vem marcado pela cegueira espiritual. Nessa condição, tudo o que ele realiza o distancia cada vez mais de seu Criador. É necessário, pois, que a luz de Cristo o ilumine (cf. Jo. 8:12; 9:5), a fim de que ao olhar, possa ver, e ao ver possa reparar que somente em Jesus repousam todos os valores e critérios de nossas escolhas. O mundo jaz no maligno (cf. 1Jo. 5:19) que tem cegado as pessoas, a fim de que não percebam que a ideologia de esquerda não é apenas uma ideologia política, mas um programa do próprio inferno que intenciona implantar entre nós um governo socialista/comunista, portanto, demoníaco.
Autor: Ignácio Pinto
Não é fácil discernir a verdade quando vivemos no meio de outros cegos que nos convenceram que somos iluminados. Assim, resta apelar a Cristo para dissipar as trevas que aprisionam nossa alma, a fim de desmascararmos o mal que se apresenta como bem (cf. 2Co. 11:14); e, então, sejamos agentes da luz na construção de um novo mundo consoante a visão do Criador.



2 comentários:

  1. Pastor Inácio, parabéns pela análise perfeita da situação dos cegos que estão sendo guiados por outros cegos. Isso confirma o que o apóstolo Paulo escreveu, inspirado pelo Espírito Santo: "... o deus deste século cegou o entendimento dos incrédulos...". Só podemos lamentar estarmos convivendo com cristãos de várias denominações evangélicas, inclusive da AICEB, que estranhamente não conseguem ver o que vem no bojo deste projeto demoníaco da esquerda para a América Latina, cujas propostas estão contidas no documento "Foro de São Paulo" que tem como um dos líderes o condenado Lula. Por essa razão, diante dos dois candidatos à presidência da República no 2º turno, a opção cristã jamais poderá ser o candidato da esquerda, mesmo diante das falhas do candidato oposto a esse projeto. O risco que o Brasil corre, caso o candidato comunista vença, é bem mais danoso que as falhas que tem o seu opositor. Um abraço!

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  2. Desculpe, mas não me identifiquei após o comentário acima. Humberto Jônatas.

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